23/05/2013

Urtiga – O regresso em força de uma planta mal-amada


É verdade!... a urtiga (ou ortiga) foi durante muito tempo uma planta desprezada e muitas vezes considerada uma praga do campo, mas nos últimos tempos tem-se-lhe dado mais atenção e não é caso para menos pois as suas propriedades são revigorantes, estimulam as nossas defesas imunitárias e são benéficas para a pele. É uma planta em que tudo se aproveita, sementes, raízes, caule, folhas, flores e com múltiplas utilizações, sendo habitualmente utilizada por fito-terapeutas para tratar diversos problemas como a artrite, infecções urinárias, asma, acne, caspa, bem como problemas digestivos, mas são sobretudo as suas folhas que despertam mais interesse pelas propriedades tonificantes e adstringentes. As partes aéreas da urtiga contêm muitas substâncias activas, como vitaminas do complexo B (B2, B5, B9), A, C, E... e minerais como ferro, silício, magnésio, cobre e zinco.

As suas aplicações práticas são múltiplas e variam consoante a geografia. A Escócia é um país onde, desde há muito, a urtiga é apreciada e utilizada na culinária sendo inclusive usada, juntamente com alho francês, brócolos e arroz, na confecção num dos seus pratos tradicionais. Na Ucrânia usam-nas para pintar de verde os ovos da Páscoa e aparentemente, ainda hoje em dia, os aborígenes da Austrália preparam um unguento à base de urtigas para friccionar nos entorses e fazem cataplasmas com as folhas fervidas. Na produção de queijos há quem utilize a urtiga em vez do coalho, para activar o processo de coagulação do leite, ficando o queijo com um sabor particular e bastante agradável.

No campo também pode ser um poderoso auxiliar, particularmente na produção biológica, seja para combater doenças como míldio ou parasitas como o piolho, activar a decomposição do estrume orgânico ou mesmo para forragem de gado bovino, para as aves e para os coelhos.

Quando utilizada em preparações para a pele e cabelo é uma planta com excelentes propriedades tónicas e adstringentes, rica em fosfatos e minerais. Promove a circulação sanguínea na pele e couro cabeludo e é conhecida por estimular o crescimento do cabelo, especialmente quando combinada com cavalinha e tussilagem. O seu elevado teor de sílica e enxofre torna-a muito nutritiva para os cabelos e couro cabeludo, sendo um excelente complemento nos produtos de tratamento para queda de cabelo.

A urtiga quando utilizada em preparações para a pele e cabelo ou como tempero não tem nenhuma restrição particular, contudo, quando usada sob a forma de cápsulas ou infusões, as mulheres grávidas ou pessoas com função renal ou cardíaca reduzida devem tomar precauções pois nestes casos pode interferir com os medicamentos diuréticos, anticoagulantes e anti-inflamatórios.

Consoante a finalidade, da urtiga utilizam-se as extremidades mais novas e tenras (sobretudo durante o mês de Abril), a planta inteira (Maio a Setembro), ou a apenas a raiz (Agosto a Outubro). É aconselhável que o corte da planta seja feito nas horas de menor calor e sem a incidência directa do sol e usando umas luvas para evitar o seu efeito urticante. Caso tenha sido apanhado desprevenido e se tenha picado, saiba que há alguns remédios caseiros que ajudam a aliviar a dor. Pode espalhar sumo de limão sobre a parte atingida, azeite ou mesmo sumo de cebola ou experimentar usar levedura ou fermento em pó para massajar a área afectada.